PRIVATIZAÇÕES NA CML
Foi ontem a reunião de Câmara uma proposta para que a desmatação em áreas expectantes de Lisboa passe a ser feita por privados. Poderia ser uma medida compreensível se se tratasse de responder no imediato ao surgimento de um problema inesperado na cidade. Mas, de facto, não é disso que se trata.
A desmatação é uma tarefa municipal importante, fundamental para a segurança, higiene e salubridade desses locais e áreas envolventes. São despendidas anualmente cerca de 100 mil horas naquela tarefa, com a ocupação diária de 50 cantoneiros de limpeza. Assim sendo e tratando-se de uma actividade permanente, que sentido tem entregar este serviço municipal a privados?
A ideia, segundo a proposta, é reduzir o pessoal dedicado à desmatação e concentrá-lo em tarefas de limpeza urbana, mais próxima dos munícipes. Contudo, não é compreensível que, estando a limpeza urbana necessitada de pessoal e o respectivo quadro muito longe de estar preenchido, não se proceda ao lançamento dos normais concursos públicos de admissão de pessoal, bem como das acções de formação necessárias, de modo a suprir as lacunas existentes em área tão imprescindível.
Tudo isto torna-se ainda mais ininteligível quando se sabe que, em breve, irá a reunião de Câmara uma outra proposta de concessão de serviços municipais a privados, mas agora da própria limpeza urbana para toda a área da Baixa-Chiado. Privatiza-se a desmatação para concentrar na limpeza, mas não se deixa de começar também a privatizar a limpeza.
Desmatação de uma área total de aproximadamente 230 hectares e limpeza da Baixa-Chiado implicarão perto de 4 milhões de euros a transferir do orçamento municipal para empreiteiros. É um erro grave e uma verdadeira sangria de recursos públicos, na linha das que gestões anteriores, mais preocupadas com a proximidade das eleições autárquicas do que com o futuro da cidade, nos habituaram.
Uma gestão estratégica da cidade optaria por investir soma tão elevada na reestruturação dos serviços de higiene urbana, aumentando a sua eficácia e apetrechando-os com meios modernos e necessários, ao invés de medidas casuísticas que, obviamente, pretendem ter um mero efeito eleitoralista a curto prazo.
Efectivamente, não são conhecidos quaisquer estudos que aconselhem tais contratações externas, que entendam a Câmara como inapta para cumprir com essas tarefas e que tornem evidente que a cidade terá alguma coisa a ganhar com a externalização daqueles serviços camarários. Todavia, o PS deixou de olhar a meios para atingir objectivos, nem sequer tem em conta que não está a cumprir o acordo que estabeleceu no início do mandato com o Bloco e que referia explicitamente a «eliminação da contratação de serviços externos supérfluos ou que possam ser directamente assegurados pelos serviços camarários». A Câmara de Lisboa abandona a exigência de rigor a que se tinha comprometido no início deste curto mandato e opta pelo mero eleitoralismo como estratégia municipal. Como sempre, é a cidade e os lisboetas que perdem.
Pedro Soares escreve à 5ª feira no Jornal de Notícias.
A desmatação é uma tarefa municipal importante, fundamental para a segurança, higiene e salubridade desses locais e áreas envolventes. São despendidas anualmente cerca de 100 mil horas naquela tarefa, com a ocupação diária de 50 cantoneiros de limpeza. Assim sendo e tratando-se de uma actividade permanente, que sentido tem entregar este serviço municipal a privados?
A ideia, segundo a proposta, é reduzir o pessoal dedicado à desmatação e concentrá-lo em tarefas de limpeza urbana, mais próxima dos munícipes. Contudo, não é compreensível que, estando a limpeza urbana necessitada de pessoal e o respectivo quadro muito longe de estar preenchido, não se proceda ao lançamento dos normais concursos públicos de admissão de pessoal, bem como das acções de formação necessárias, de modo a suprir as lacunas existentes em área tão imprescindível.
Tudo isto torna-se ainda mais ininteligível quando se sabe que, em breve, irá a reunião de Câmara uma outra proposta de concessão de serviços municipais a privados, mas agora da própria limpeza urbana para toda a área da Baixa-Chiado. Privatiza-se a desmatação para concentrar na limpeza, mas não se deixa de começar também a privatizar a limpeza.
Desmatação de uma área total de aproximadamente 230 hectares e limpeza da Baixa-Chiado implicarão perto de 4 milhões de euros a transferir do orçamento municipal para empreiteiros. É um erro grave e uma verdadeira sangria de recursos públicos, na linha das que gestões anteriores, mais preocupadas com a proximidade das eleições autárquicas do que com o futuro da cidade, nos habituaram.
Uma gestão estratégica da cidade optaria por investir soma tão elevada na reestruturação dos serviços de higiene urbana, aumentando a sua eficácia e apetrechando-os com meios modernos e necessários, ao invés de medidas casuísticas que, obviamente, pretendem ter um mero efeito eleitoralista a curto prazo.
Efectivamente, não são conhecidos quaisquer estudos que aconselhem tais contratações externas, que entendam a Câmara como inapta para cumprir com essas tarefas e que tornem evidente que a cidade terá alguma coisa a ganhar com a externalização daqueles serviços camarários. Todavia, o PS deixou de olhar a meios para atingir objectivos, nem sequer tem em conta que não está a cumprir o acordo que estabeleceu no início do mandato com o Bloco e que referia explicitamente a «eliminação da contratação de serviços externos supérfluos ou que possam ser directamente assegurados pelos serviços camarários». A Câmara de Lisboa abandona a exigência de rigor a que se tinha comprometido no início deste curto mandato e opta pelo mero eleitoralismo como estratégia municipal. Como sempre, é a cidade e os lisboetas que perdem.
Pedro Soares escreve à 5ª feira no Jornal de Notícias.
7 comentários:
Infelizmente tem razão no seu texto. Isto já se passa, por exemplo, em Monsanto onde uma empresa privada com ligações familiares no mínimo curiosas faz por um preço altíssimo o que quer e lhe apetece na manutenção do parque e corte indiscriminado de árvores. Os trabalhadores da CML no local estão revoltados e com razão. Infelizmente, também, isto passa-se no gabinete de um vereador até há tão pouco tempo tão activo nas denúncias de casos como este.
Efectivamente não estamos perante um problema inesperado mas sim perante um problema cuja resolução é esperada já há bastante tempo.
"São as milhentes beates no chão, são as carradas de folhas que caiem das árvores, são as sargetas todas entupidas, são os matagais em que se transformam os espaços expectantes, são os ecopontos que rebentam pelas costuras", são estas as reclamações ue chovem todos os dias já há um bom par de anos.
Porque não um Concurso Público?
Concordo. Mas e quanto demora o decorrer deste processo? E se juntarmos, como é necessário, o período de formação, em quanto tempo haverá na rua técnicos de limpeza "públicos" e qualificados? Eu aposto em 1 ano,ano e meio.
Apetrechar a Higiene Urbana de mais e melhor maquinaria. Concordo. Mas quantos euros serão necessários para as comprar e, não nos esqueçamos, para as manter?
As privatizações a mim também não me atraiem mas o que poderemos fazer quando o "público" sai caro e o "privato" sai mais barato?
Bons mequanismos e boa gestão da limpeza urgem na cidade de lisboa!
E depois também tem que se começar a acabar com a ideia (de esquerda, diga-se)de que os privados são todos uns maus, uns negligentes, uns irresponsáveis. Isto não pode ser sempre Chapa 5. Há muito funcionário público cuja produção e qualidade do trabalho anda pela hora da morte.
Oposição nem sempre tem que significar DEMAGOGIA!
Boa noite e bom fim-de-semana, meus senhores...
É o cúmulo da desfaçatez: o Sá aceitou o pelouro da higiene urbana e prepara-se para ser o executor do incumprimento do acordo, mais uma vez.
Shôr(a) nikita, malhar no piolho é fácil não é? Já se deu conta que acima do funcionário, daquele que realiza as tarefas, existe um coordenador, um chefe de divisão, um director de departamento, um director municipal, um vereador (imagine-se) e até um presidente. Quer exigência e rigor ?? e já agora avaliação? entâo começe por cima e não ataque o nível mais baixo da cadeia.
E já agora quem é que iria fiscalizar e fazer a recepção do trabalho que eventualmente fosse realizado por privados. Teria que ter mais funcionários para esse efeito.
E pouco tempo depois sabe o que é que iria acontecer?? Aos valores adjudicados, juntar-se-iam as sobretaxas que os municípes teriam que pagar para ter um serviço essencial na limpeza da cidade.
Se não gosta de ver beatas no chão (eu também não), pode começar por dizer aos seus amigos para as porem nos caixotes!!
Esta operação foi montada pelo anterior vereador da higiene urbana ou foi a primeira acção do zé enquanto vereador da higiene urbana?
O que é que a roseta acha disto? O Pedro sabe?
Suspeita-se que tenha sido uma operação montada pelo vereador Perestrelo, mas foi a primeira proposta que o Zé apresentou na câmara enquanto vereador dos lixos. Segundo a imprensa, a Roseta apresentou uma moção contra estas privatizações.
Parece que o Pedro ou não sabe ou sabe e não diz...
atenção que as ligações, no minimo curiosas, não são a familiares de Sá Fernandes , mas de anteriores dirigents da CML (veja-se tambem a que familia pertence a directora do parque) . O que é pena é que Sá fernandes não faça nada e ainda amplie esta questão das privatizações.
Enviar um comentário