segunda-feira, 30 de junho de 2008

Precários da CML começam amanhã a ir ao tribunal arbitral


De acordo com o "Público", mais de 200 processos de trabalhadores precários da Câmara de Lisboa já deram entrada no tribunal arbitral que começa a funcionar amanhã para decidir da sua integração no quadro da autarquia. As sessões de julgamento decorrerão a uma média de "cinco ou seis por dia ao longo de Julho".

A criação do tribunal arbitral, um método inédito em matéria laboral, foi aprovada em Abril em reunião do executivo municipal, com a abstenção do movimento Lisboa com Carmona e da CDU. Este tribunal irá estabelecer se o vínculo precário - avenças, "recibos verdes" ou contratos - configura um efectivo contrato de trabalho. O cumprimento de um horário de trabalho e a submissão a uma hierarquia estão entre os principais critérios. Também será apurado se as pessoas em causa colmatam necessidades permanentes dos serviços.

Conforme anteriormente divulgado, o prazo para entrega da petição inicial termina às 16 horas do próximo dia 04 de Agosto. A petição inicial deve ser entregue na Secretaria do Tribunal Arbitral, sita no 2º andar das instalações da Assembleia Municipal, na Av.ª de Roma n.º 14-P-2º 1000-265 Lisboa, cujo horário de funcionamento é das 10,00 h. às 12,30 h. e das 14,00 h. às 16,00 h.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

UM EXCELENTE SERVIÇO A LISBOA


Honra lhe seja feita, o dr. José Miguel Júdice prestou um excelente serviço à cidade ao afastar-se de qualquer missão na frente ribeirinha. Ainda não sabemos as razões dele, mas haverá algumas que são claras e evidentes. De facto, ter entrado em rota de colisão com a Câmara não foi bom prenúncio para que a reabilitação da frente de rio pudesse avançar sem percalços. Teria sido do mais elementar bom senso que o putativo presidente da Sociedade Frente Tejo não se tivesse metido em trabalhos com a entidade que lhe teria de aprovar os projectos e que, de acordo com as regras da democracia, representa os cidadãos de Lisboa.

Certamente que não terá sido por mera negligência que se deram tantos meses de espera. Aliás, o aparentemente inexplicável atraso na designação do ex-bastonário para tão almejado cargo, mesmo depois de o primeiro-ministro ter prometido, há mais de dois meses, despachar o diploma de nomeação, poderá obter alguma explicação naquele mesmo facto. Tudo aponta para que o Governo estivesse bloqueado na decisão por falta dos consensos que, avisadamente, devia obter da CML para avançar com a operação. De todo, Júdice não se deu bem com o braço de ferro que quis impor.

Razão teve o vereador eleito pelo Bloco de Esquerda quando, em reunião de Câmara do passado mês de Abril, se mostrou pouco convicto na constituição de uma empresa para a gestão do processo da frente ribeirinha. Defendeu como preferível uma unidade de projecto da Câmara, em vez da sociedade em que a autarquia nem sequer participa alegadamente por falta de verbas. A saída de cena de Júdice criou uma oportunidade para que este problema seja resolvido com urgência, sendo certo que a proposta de Sá Fernandes é a melhor solução para que não haja mais atrasos nem incompatibilidades.

Igualmente excelente notícia para a cidade, diria mesmo histórica, foi a aprovação por unanimidade na Assembleia Municipal das medidas cautelares relativas ao Plano Verde, que inclui a frente ribeirinha, delineado por Gonçalo Ribeiro Telles. Finalmente, Lisboa conta com um regulamento que proíbe, limita ou sujeita a parecer vinculativo os projectos apresentados à Câmara por promotores imobiliários ou quaisquer outras entidades, nos limites da área relativa ao Plano Verde não acautelada pelo PDM.

Desta forma, a deliberação da Assembleia Municipal teve o mérito de constituir o primeiro passo na revisão, que tarda, do PDM de Lisboa, na base da preservação ecológica e da defesa ambiental. Não podia ter sido melhor.

Pedro Soares escreve no JN, semanalmente, à quinta-feira.
psoares@be.parlamento.pt

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Levaram-nos tudo



Lisboa vai de mal a pior. (ups! Mais material para a Ana Henriques e outros que não estão para ironias...)

Depois de termos perdido a maior Árvore de Natal da Europa para o Rui Rio (a famosa árvore BCP), o 24 Horas dá-nos conta que a maior bandeira do país, já não está no alto do Parque Eduardo VII vai para uns meses.

Eu bem me parecia que me faltava qualquer coisa ao meu dia-a-dia...

[B Aranda]

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Medidas cautelares do Plano Verde aprovadas unanimente na Assembleia Municipal


De acordo com notícia da Lusa, a Assembleia Municipal de Lisboa (AML) aprovou hoje o regulamento das medidas cautelares do Plano Verde que vai abranger, por exemplo, a frente ribeirinha, sujeitando quaisquer operações urbanísticas a um parecer vinculativo prévio da Câmara.

Segundo aquela agência noticiosa, o regulamento, aprovado por unanimidade, dirige-se exclusivamente “às áreas da cidade não ecologicamente protegidas no âmbito do Plano Director Municipal existente à data, assim como áreas específicas consideradas de valor patrimonial ou cultural elevado”, segundo o relatório da comissão de Ambiente da AML.

O vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes (BE), explicou à Lusa que estas medidas serão aplicadas a “toda a frente ribeirinha”, condicionando tudo o que lá se pretenda realizar a um “parecer vinculativo da Câmara”. Qualquer operação urbanística nos vales da cidade, como o de Santo António ou de Alcântara, ficará igualmente condicionada por “estudos hidrogeológicos”, afirmou.

Trata-se de um ganho histórico para a cidade de Lisboa e a primeira iniciativa para a revisão do PDM. A aprovação da Estrutura Ecológica Municipal terá de constituir o passo seguinte no âmbito do processo de revisão do PDM.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

"EXIGE-SE FUSÃO DA EPUL, SRU E GEBALIS"


A propósito da reestruturação das empresas municipais de Lisboa, a concelhia do BE emitiu o seguinte comunicado:

Os relatórios das empresas municipais, apresentados na última reunião de Câmara, espelham bem a situação caótica do sector empresarial do município e vêm dar razão ao Bloco de Esquerda que, já desde o mandato passado, tem vindo a exigir a urgência de uma reestruturação profunda do sector empresarial do município.

A necessidade de mudanças nas empresas municipais levou a que o “acordo de Lisboa” entre o PS e o BE, previsse, até ao final do ano passado, a completa reorganização do sector empresarial do município e do conjunto das suas participações sociais. A CML tem essa responsabilidade perante a cidade.

A situação da EPUL é a mais grave e insustentável. O chumbo do relatório de contas de 2007 em reunião de Câmara tornou evidente que nem os responsáveis pelo estado a que se chegou, sentiram condições para aprovar as contas da empresa.

Os lisboetas precisam, em primeiro lugar, de uma nova empresa municipal que trate da habitação na cidade, que abandone a velha separação social na política habitacional, responsável pela segregação urbana que levou à criação de guetos, degradados e em crise.

Exige-se que os objectivos e meios aos dispor das actuais EPUL, SRU e GEBALIS, empresas que se encontram hoje em estado crítico e que, no seu conjunto, apresentam neste momento capitais próprios negativos de quase 36 milhões de euros, sejam integrados e racionalizados. Acabar com o despesismo, com o financiamento de projectos megalómanos e de interesse no mínimo duvidoso em detrimento de uma política de intervenção no mercado que o regule e crie uma oferta fora do circuito especulativo, é uma urgência imperativa. Lisboa é uma das capitais mais caras da Europa, apesar da crise social que a cidade vive. A continuação desta política torná-la-á insustentável.

Para quê três conselhos de administração e respectivas estruturas de apoio, quando os objectivos devem ser comuns e redireccionados para a reabilitação e aumento da oferta de casas a preços acessíveis? É disso que a cidade precisa urgentemente, para impedir que a especulação imobiliária tome conta do que resta do parque habitacional. É disso que a cidade anseia para se revitalizar e conseguir suster a sangria populacional que tem vindo a assistir nos últimos anos.

Apresentados os relatórios de contas de 2007 de todo o sector empresarial da Câmara é agora urgente que não se perca mais tempo e que se inicie de imediato este processo. O atraso é evidente e cada dia que passa é um dia perdido.

A Concelhia do BE/Lisboa
23 de Junho de 2008

domingo, 22 de junho de 2008

Vereador PSD acha pouco reforma de 17.900 euros

O actual vereador do PSD em Lisboa processou a PT, que se negou a aumentar-lhe a reforma actual de 17.900 euros. Salter Cid esteve 17 anos nos quadros da empresa, mas só lá trabalhou durante seis. E enquanto membro do governo de Cavaco aprovou um suplemento de 15% às pensões da Marconi, a sua empresa de origem.

De acordo com o Esquerda, que também cita o Expresso, Salter Cid trabalhou apenas 6 anos na PT, já que na maior parte do tempo esteve requisitado pelo governo de Cavaco Silva na presidência da Comissão de Coordenação de Lisboa e Vale do Tejo, e na secretaria de Estado da Segurança Social. Anos mais tarde, seria o governo de Durão Barroso a requisitá-lo à PT para ir presidir à Companhia das Lezírias, acompanhado pela secretária e motorista que tinha na PT.

Diz o semanário Expresso que nessa altura o Tribunal de Contas questionou o montante do salário auferido (27.500 euros mensais, em média) e sobretudo a ausência de qualquer contrato. De facto, o contrato viria a ser assinado um ano depois de Salter Cid assumir funções na Companhia das Lezírias, e assinado por ele em nome desta entidade que o contratava.

sábado, 21 de junho de 2008

Júdice presta bom serviço a Lisboa


Sem especificar os motivos, o advogado José Miguel Júdice anunciou hoje que decidiu abandonar a gestão da reabilitação da Frente Ribeirinha de Lisboa, cargo para o qual nunca tinha chegado a ser nomeado.

Em declarações à Agência Lusa, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados disse que comunicou hoje a sua decisão ao primeiro-ministro, José Sócrates, mas escusou-se a mencionar as razões. "Se fosse pelo primeiro-ministro, continuaria", afirmou, acrescentando que, eventualmente, tornará público os motivos num livro que venha a escrever.

No entanto, já tinham passado dois meses sobre a data, por ele próprio anunciada publicamente, prometida por Sócrates para a sua nomeação - o passado dia 15 de Abril.

José Miguel Júdice, a propósito da sua expectativa em vir a ocupar a presidência da empresa de reabilitação da Frente Ribeirinha, tinha afirmado: "sinto-me um verdadeiro ginecologista: trabalho onde espero que muitos se divirtam".

[P]

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Há Arraial na Mouraria!


A recém-criada Associação Renovar a Mouraria está nas Festas de Lisboa, por uma Mouraria renovada, florida, limpa, com fado e com guitarras, com sabor a uma história secular e multicultural.

Pus o link aí ao lado. Ide ver.

***



Entretanto, esta noite, das 20.00h às 02.00h Blablabla Dj´s –"Num imenso banho de portugalidade"



Amanhã, sábado, 22.30h – Feromona ao vivo.



Antes do concerto, pelas 22.00h, será projectado o documentário "Iran, 1383", realizado por Maja Malus.

O dia de sábado promove a gastronomia iraniana com o Chefe Behrang Azhdari
não faltará a sardinha e tudo que pode ser encontrado num arraial de Lisboa.



[B Aranda]

quinta-feira, 19 de junho de 2008

CONTRA A CORRENTE NAS AMENDOEIRAS


Lisboa assistiu há dias a uma manifestação pouco comum nos tempos que correm. Mais de 500 moradores do Bairro das Amendoeiras, na freguesia de Marvila, exigiram frente ao Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) o direito à posse das suas habitações, no cumprimento de uma velha promessa, reafirmada pelo actual Governo há cerca de um ano, mas que tarda em ser cumprida.

Recorde-se que as habitações sociais em causa foram ocupadas após o 25 de Abril por pessoas provenientes de bairros degradados de Lisboa, tendo posteriormente o Estado legalizado as ocupações e fixado as rendas através de um Decreto-lei, prometendo que as casas seriam alienadas aos moradores passados 30 anos.

No entanto, ao invés de cumprir a promessa de alienação dos fogos para os respectivos moradores, o Governo PSD/PP de Santana Lopes privatizou o bairro a favor de uma tal Fundação D. Pedro IV que não demorou muito tempo a lançar ameaças de despejo, aumentando as rendas de forma brutal.

Os moradores associaram-se, conseguiram que o Tribunal impedisse os aumentos exorbitantes e não descansaram enquanto não obtiveram do Governo, há cerca de um ano, a reversão da propriedade dos fogos para o Estado, retirando-a à Fundação. A mobilização agora é pela reabilitação do Bairro e pelo cumprimento do velho e actual compromisso da alienação das habitações para os respectivos residentes.

Não se deixaram remeter para o conformismo do destino que lhes cai em cima, mesmo que tenha nome de fundação. Não se renderam à lógica dominante nos dias de hoje que o normal é fazer de tudo uma fonte de lucro, mesmo que se trate de habitação social. Não se remeteram para as soluções individualistas do “safe-se quem puder”, mas organizaram-se, souberam com inteligência captar atenções e vontades para além do Bairro, confrontaram os poderes públicos e arriscaram ganhar nas condições mais difíceis. Cumpriram os seus deveres e exigem que o Estado respeite os seus direitos. Apetece dizer, com propriedade, que o “espírito Amendoeiras” é já uma referência no exercício da cidadania.

Pedro Soares escreve no JN, semanalmente, à quinta-feira.

EPUL


Os Relatórios de Contas e Plano (de 2007!) da EPUL foram ontem chumbados na Câmara.

Depois de mais uma inequívoca prova de falta de confiança do accionista-Câmara na equipa que gere aquela empresa (equipa essa nomeada por despacho pelo antigo Presidente da Câmara – que é feito dele?), será que é desta que aqueles 3 senhores vão apresentar a sua demissão?


[B Aranda]

terça-feira, 17 de junho de 2008

A IMORALIDADE E A PROMISCUIDADE DA GESTÃO CAMARÁRIA DO PSD

A perseguição política que o PSD tem vindo a travar ao Vereador José Sá Fernandes é gritante. A coligação negativa em que a intervenção social-democrata se tem revestido contrasta, em grande medida, com a ausência de propostas estruturantes ou alternativas para a cidade, num claro atentado a Lisboa e aos lisboetas.

A rejeição do lançamento de concursos públicos internacionais para a manutenção de espaços verdes da cidade, cujo estado de degradação se deve ao incumprimento sucessivo dos compromissos assumidos com os fornecedores, sem qualquer argumentação fundamentada, revela a atitude irresponsável e destrutiva com que o PSD reage aos problemas da cidade.

O entrincheiramento político-partidário levado a cabo pelo PSD na negociação dos protocolos com as Juntas de Freguesia teve como fundamento único a não assumpção de critérios rigorosos para a atribuição de verbas no que diz respeito aos espaços verdes, baseados exclusivamente nas competências e reais possibilidades de cada junta. O Vereador José Sá Fernandes sempre recusou atribuir verbas que não tivessem como utilização exclusiva a manutenção dos espaços verdes sob a gestão das Juntas de Freguesia.
Nos últimos executivos camarários, a passagem do PSD pautou-se por uma promiscuidade nos negócios efectuados e no favorecimento, sem precedentes, dos privados, de tal modo graves que deram origem a uma sindicância e à abertura de processos judiciais.

Após mandatos desastrosos na Câmara Municipal de Lisboa, cujas consequências recaem ainda sobre os cidadãos e cidadãs de Lisboa, ao Partido Social-Democrata é-lhe apenas concedida a legitimidade de apresentar as moções que entender, porém, o PSD não tem, efectivamente, uma história de gestão municipal que lhe confira qualquer autoridade moral para censurar todo um esforço deste mandato para resolver não só os problemas que aquele partido criou, como também para enfrentar os novos que surgem.

[AS]

Mais uma tenebrosa privatização do espaço público!!!

«Abre Nuncio Vade Retro!
Querem vender a nação!»

(José Afonso na 'Arcebispada')



O PSD vai apresentar uma “Moção de Censura” ao Vereador José Sá Fernandes.

As razões são de várias ordens: desde o túnel do Marquês (claro!) e o “bloqueio militante do executivo camarário nos anteriores mandatos” (está explicado porque é que caíram), à Praça das Flores (evidentemente!).

Mas a gota de água para o PSD é que “Vai agora privatizar o Jardim da Estrela entregando-o à conhecida cadeia de hipermercados continente, mais uma vez prejudicando todos os seus utilizadores em benefício de um poderoso grupo económico.”

Assim vai a honestidade intelectual dos deputados da Assembleia Municipal.

Para que conste, sucintamente, o Continente, no âmbito do mecenato ambiental, tem financiado variados projectos em todo o país. Em Lisboa, financiará uma extensão do parque infantil no Jardim da Estrela e colocará lá uma placa a dizer que aquela obra foi financiada pelo Continente.

Há quem diga que, face ao ridículo desta “Moção de Censura”, o PSD acabará por retirá-la, tendo já feito entretanto o seu pequeno número político…

Também eu gostava de ter assim tanta confiança na lucidez destes deputados, mas infelizmente não tenho

[B Aranda]

Fina ironia


Hoje saio citado no Público: «Já Bernardino Aranda, do gabinete do vereador, fala no mesmo local [Blog Arrastão] em “erro político” do autarca por se ter “colado” à iniciativa, que classifica como “uma tenebrosa privatização do espaço público”».

Quem segue o que tenho escrito e dito sobre o assunto, pode agora achar muito estranha esta citação.

Trata-se na verdade do velho problema com o uso da ironia no registo escrito: No registo falado ainda se percebe, pelo tom de voz ou pela cara..., em texto, é mais fácil haver confusões deste género.

De facto, no meu comentário, defendo sobretudo a tese que também aqui já defendi: Está a haver empolamento da questão e aproveitamento político descarado. Como digo no meu post, está a transformar-se, citando João de Deus, "Um impulso aquático, numa orgia celestial".

O “erro político” foi ter defendido uma operação que nem sequer é de sua responsabilidade, pondo em polvorosa os inimigos de estimação do Sá Fernandes para esta “tenebrosa privatização do espaço público” (ironia).

De facto, mesmo que se esteja contra a atribuição da licença à Skoda para fazer o seu evento na Praça das Flores, só empolando muito a questão é que se pode considerar “tenebrosa privatização do espaço público” ao que se passou.
[B Aranda]

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Noite de Santos

5 da manhã em Lisboa, noite de Santos Populares.

Milhares de pessoas vagueiam pelas ruas, a maioria com um ar cansado de fim noite.

Parecem indecisas entre esperar que o metro abra, que o autocarro passe, ou que apareça um táxi (se bem que a praça de táxis está vazia com centenas de pessoas sentadas no passeio à espera), ou então meterem-se ao caminho a pé, até casa ou até ao carro que estacionaram a uma distância considerável...

Em Praga, a capital de um país bem mais pobre do que o nosso (mais ainda quando lá estive há uns 6 anos atrás), os transportes públicos não paravam durante toda a noite.

Porque é que em Lisboa, pelo menos num dia como este, não se consegue resolver o problema?

[B Aranda]

PS: Recebi um SMS às 7h07. Ganhou Marvila. Alfama perdeu o penta. Parabéns Marvila.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

JUSTIÇA: INTEGRAÇÃO PRECÁRIOS AVANÇA


Na próxima 3ª feira será distribuído aos juízes do Tribunal Arbitral, constituído no âmbito do acordo entre a CML e os Sindicatos, o primeiro grupo de processos devidamente instruídos, com o objectivo de integrar os trabalhadores a “recibo verde” da CML no quadro privado de pessoal da Autarquia.

Os juízes apreciarão, desde já, perto de meia centena de casos, enquanto os Recursos Humanos da CML e os Sindicatos continuarão a apoiar os trabalhadores interessados em requerer a sua integração.

Conforme anteriormente divulgado, o prazo para entrega da petição inicial é corrido, pelo que inclui fins-de-semana e feriados. Assim, termina às 16 horas do dia 04/08/2008, uma vez que se considerou como o 1º dia do prazo o dia 05/05/2008.

A petição inicial deve ser entregue na Secretaria do Tribunal Arbitral, sita no 2º andar das instalações da Assembleia Municipal, na Av.ª de Roma n.º 14-P-2º 1000-265 Lisboa, cujo horário de funcionamento é das 10,00 h. às 12,30 h. e das 14,00 h. às 16,00 h.

[P]

PRAÇA DAS FLORES


A socióloga Luísa Shmidt, na edição portuguesa do “Le Monde Diplomatique”, chama à atenção para um interessante processo de decisão sobre o espaço público que decorreu na cidade norte-americana de Seattle. Tratava-se de uma área de armazéns desactivados e a autarquia decidiu chamar os munícipes a participar na tomada de decisão sobre o destino a dar-lhe.

Os responsáveis autárquicos apresentaram propostas e colocaram em campo uma equipa para inquirir os moradores, bairro a bairro. Houve reuniões com promotores e cidadãos, fizeram-se sessões para debater pontos de vista e alcançou-se, num curto espaço de tempo e quase por consenso, uma solução: construir um parque público.

É referido que “não foi difícil, não foi complicado, não saiu caro”. “A solução não terá sido a mais lucrativa, mas foi a que melhor satisfez as reais expectativas dos cidadãos”, para além de ter constituído “um magnífico exercício de cidadania”.

A ideia de que alguém ou alguma instituição, mesmo tendo competências legais para o efeito, pode decidir sobre a cidade, em particular sobre o seu espaço público, sem ter em conta as expectativas e a contribuição dos cidadãos é, nos dias de hoje, absolutamente obsoleta. O princípio da participação tem de estar incluído numa governação municipal moderna, em que se promove o debate com todos e se procura, dessa forma, uma decisão sobre a realização de iniciativas com vantagens mútuas e justificadas na base do interesse público ou colectivo.

A gestão da Câmara Municipal de Lisboa, no que respeita à ocupação do espaço público por iniciativas de carácter privado, nem sempre tem sido a melhor, como no caso da Praça das Flores. Os mecanismos de participação não são activados, as pessoas não são informadas nem entram na negociação e, com toda a razão, os protestos dos que se sentem afectados não se fazem esperar. De facto, já todos devíamos saber que os fins não justificam os meios e esse foi um erro de palmatória. O espaço público é dos cidadãos e tem de merecer o máximo respeito.

Pedro Soares escreve no JN, semanalmente, à quinta-feira.

País (in)Sustentável


Este mês, no Le Monde diplomatique (edição portuguesa), João Bau, Deputado Municipal do BE aqui em Lisboa, faz uma recensão crítica ao Livro de Luísa Schmidt – País (In)Sustentável. Ambiente e Qualidade de Vida em Portugal.

Em tempo de crise energética, João Bau sublinha a actualidade das palavras de Luísa Schmidt, em artigo publicado em 1999, contra o que denomina «tóxico-dependência do transporte rodoviário».

«Portugal e Espanha são os únicos países da EU onde mais de 90% dos transportes de mercadorias são transportados em camiões. Pudera! Durante anos o transporte ferroviário viveu na decadência e agonia.

Se Portugal não começar já a reduzir drasticamente as suas emissões de CO2, em 2010 poderá vir a pagar até 900 milhões de contos de multa.

Gaste-se esse dinheiro a fazer o que há 20 anos não se faz: Ordenar o território e não os negócios dos empreiteiros; desenvolver a eficiência energética das indústrias e construções; promover e estimular as energias renováveis e os combustíveis limpos e não subsidiar os combustíveis fósseis; expandir a rede ferroviária desincentivando simultaneamente o transporte rodoviário privado e não continuar a canalizar fundos essencialmente para o sector rodoviário»


É sem dúvida uma excelente passagem, com interesse, nomeadamente, aqui para a nossa política municipal.

Um livro a ler.


[B Aranda]

quarta-feira, 11 de junho de 2008

A crise dos combustíveis


Os ecologistas do gabinete do Sá Fernandes andam todos satisfeitos:

A crise dos combustíveis, o bloqueio dos camionistas à entrada de Lisboa, os supermercados sem produtos frescos... "tudo vem dar razão a Ribeiro Telles", ao Plano Verde, à necessidade das hortas urbanas, de a própria cidade ter a sua produção, que escoe através dos mercados locais, com baixos custos de transporte e sobretudo sem necessidade de recorrer ao transporte rodoviário pesado...

É necessário, no entanto, não perder a perspectiva de que esta crise é em grande parte causada por movimentos especulativos no mercado do petróleo e dos cobustíveis... Ainda assim, não há dúvida nenhuma que as ideias centrais do Plano Verde - a estrutura ecológica contínua, as ciclovias, a agricultura urbana - estão cada vez mais actuais e correspondem cada vez mais a problemas do nosso tempo.




[B Aranda]

domingo, 8 de junho de 2008

Skoda-se!



«Irmã, peço-lhe que não transforme um pequeno impulso aquático numa orgia celestial.»

João Deus em 'As Bodas de Deus'


A Skoda pediu para ocupar a praça das flores para fazer o lançamento mundial do seu novo carro. Iria na verdade fazer 10 lançamentos, cada um para cerca de 300 convidados estranjeiros.

A Câmara, que anda à rasca de dinheiro, aceitou, mediante o pagamento das respectivas taxas de ocupação de espaço público, claro.

Sá Fernandes aproveitou para negociar a requalificação do Jardim da praça, o seu pelouro.

Diz que vai para lá uma grande revolta. José Neves, historiador, meu querido e bom amigo que vai tomar todos os dias o seu pequeno-almoço à praça, tem disparado mails para todo o lado. Daniel Oliveira, colonista do Expresso, faz um post no blog dele em que diz «não estou, como morador, nada satisfeito com a solução encontrada João Soares, Ex-Presidente da Câmara, Vereador da Câmara de Sintra, também morador, diz que «Sá Fernandes não tem vergonha».

...A praça ter tão ilustres moradores ajuda a dar visibilidade à questão. Mas não é só isso, claro.


José Carlos Mendes, do gabinete dos Vereadores do PCP, não cabe em si de contente e antevê que o caso da praça esteja para o executivo como o caso da ponte esteve para Cavaco.

O meu amigo do PCP, Tiago Saraiva, coloca ainda a fasquia mais alto e toca os sinos a rebate: «Sendo a cidade, desde a sua constituição enquanto tal, o centro das mais importantes dinâmicas sociais transformadoras e de reunião das populações, as praças e espaços públicos são o primeiro elemento urbano que os regimes autoritários tendem a procurar dominar.»

Estou com uma certa curiosidade de ver onde vai parar tanto exagero e dramatismo... mas cheira-me que será meramente efémero... Infelizmente! Se os cidadãos fossem de facto mais exigentes para com o seu espaço público não permitiriam tanta publicidade, tanta falta de manutenção e tantas obras e estaleiros que se arrastam durante anos por incúria dos construtores ou falta de pagamento da câmara, como foi o caso do Jardim S. Pedro de Alcântara.

[B Aranda]

terça-feira, 3 de junho de 2008

Agora Aqui!


O PS oficial, que até há bem pouco tempo desvalorizou a intervenção crítica de Manuel Alegre - "O nosso camarada Manuel Alegre, grande poeta, grande lutador pela liberdade, um orgulho para o PS" e tal - ficou furioso com o comício de hoje à noite e Vitalino Canas diz que Manuel Alegre vai a um comício do Bloco.


O PCP desvaloriza. Tentei obter pela net uma reacção oficial e não encontrei. Só tenho as não oficiais: "um comício do Bloco alargado".


Francisco Loução, é mais entusiasta: «Trata-se da maior mudança dos últimos anos na esquerda portuguesa, porque passa a haver um diálogo sem barreiras, sem sectarismo ou tentativas de hegemonização, numa plataforma de pessoas diversas».


José Sá Fernandes - afinal este é um blogue "Lisboa é Gente" - já saudou a iniciativa e confirmou que estará presente esta noite.


Na parte musical: António Ribeiro dos UHF, para os cotas; Terrakota para os freeks e Rádio Macau, que têm um novo álbum que é muito, muito bom.



[B Aranda]