quarta-feira, 2 de abril de 2008

Cinema independente e tal....

A propósito dos comentários trocados no penúltimo post (o dos corredores), escreverei sobre a notícia que li ontem no Jornal da Região.

Paulo Ferrero, activista múltiplo, colaborador do Movimento de Cidadãos por Lisboa de Helena Roseta, com o seu fato do Fórum Cidadania Lx, diz-nos que é preciso que a câmara tome medidas contra o encerramento de salas que passam cinema independente de forma a que sejam permitidas outras opções para além daquelas que “condenam quase todos os espectadores a confinarem-se aos centros comerciais que têm os mesmos ‘filmes-pipoca’ em cartaz”.

Na mesma notícia, pede a intervenção urgente no S. Jorge, regressando o cinema ao modelo de sala única.

Trata-se de uma análise e uma conclusão precipitada. Como tenho visto às vezes essa área política fazer, como por exemplo com o polémico caso das micro-eólicas.

Naturalmente, que se exige uma intervenção urgente. Concordo com isso. Mas para fazer o quê?

O cinema S. Jorge, tem hoje 3 salas. A maior tem 850 lugares e raramente está cheia, mesmo quando lá passam grandes filmes. Qual a necessidade de uma profunda remodelação do cinema, exigindo outra vez obras de fundo, para se ficar com uma sala de 1700 lugares?

Pelo contrário: a mais valia do S. Jorge é precisamente ter 2 salas mais pequenas em baixo, permitindo o acolhimento dos festivais de cinema que tanto têm dinamizado a vida cultural lisboeta.


O Indie, o Panorama, o Kino, a Monstra, o Motel LX, o Queer, o Festival de cinema Brasileiro e Francês e o DOCLisboa necessitam do cinema municipal tal como ele está e não com uma única sala gigante, que afugentaria a própria iniciativa de quem promove os festivais, visto que é gente que naturalmente gosta de ter salas cheias…

O que mais pode a CML fazer para apoiar o ‘cinema-não-pipoca’? A multiplicação de salas de cinema municipais irá contribuir para alguma coisa?

A verdade é que o problema não está na falta de salas para exibir, mas sim na distribuição. Tirando a honrosa excepção de Paulo Branco e os seus 3 cinemas King, mais o Nimas, os distribuidores preferem comprar os direitos dos filmes mais comerciais, que são mais do agrado do grande público.

Paulo Ferrero, não pretende certamente que a Câmara comece a ir ao mercado internacional comprar os direitos do excelente cinema que se faz por esse mundo fora, para mostrar nas suas salas municipais, certo?

Quanto mais não seja, por motivos económico-financeiros! Lembro que, apesar do apertar de cinto, existem forças políticas representadas na câmara que insistem em que é preciso apertar mais nas despesas…


Nota: Ó Paulo Ferrero, vocês não me querem aí no Fórum Cidadania? Para ver se ficam menos talibans contra a Câmara e contra o Sá Fernandes! Ehehehe…

[Bernardino Aranda]

2 comentários:

Anónimo disse...

É por estas e por outras que eu agora só vou aos Cinemas King, Nimas e Monumental.

Clara Belo

Paulo Ferrero disse...

Por chamada de atenção de um amigo, acabo de ler o seu simpático post, tecendo-me os mais vastos elogios, que agradeço, mas em que não me revejo.

Agradeço, também, a sua disponibilidade para fazer parte do Fórum Cidadania Lx. Registo.

Uma dúvida? O 'fato' do Fórum Cidadania Lx, é antes ou já do pós-acordo ortográfico?

Melhores cumprimentos, do sempre seu

Paulo Ferrero