A crise no pequeno comércio local
Culpar as lojas dos chineses pelas dificuldades do comércio local é de um simplismo e de uma demagogia típica, como muito bem já foi aqui lembrado, da mais xenófoba extrema-direita.
A crise do comércio local tem razões bem mais profundas e complexas, que passam, entre outras coisas, pela desertificação do centro das cidades; pela recessão económica que empurra os consumidores para produtos industriais de pior qualidade, mas substancialmente mais baratos; pela proliferação das grandes superfícies comerciais, essas sim, claramente excessivas (ainda no mandato passado Zézinha e Carmona inauguraram mais uma no Campo Pequeno), frutos de uma política urbanística, económica e até mesmo cultural, que promove “grandes templos do consumo”, em detrimento da defesa das micro-empresas e da mistura de usos no edificado dos bairros. Em relação à preocupação de Maria José Nogueira Pinto (MJNP) com as condições de trabalho e produção na China, estou totalmente de acordo. Mas é necessário recordar que não é só nas “lojas chinesas” que se vendem produtos Made in China. Todo o mercado (desde os brinquedos Matel que a Câmara compra no Natal, aos ténis Nike) está inundado de produtos chineses, tailandeses, coreanos, locais do mundo onde a mão de obra é barata e a exploração do Homem assume as proporções mais vis.
Mas será que existe da parte de MJNP e das pessoas que lhes são próximas politicamente, alguma preocupação em regular a nível mundial essas situações ou – pelo contrário – é o discurso da desregulação, da contenção dos salários e da competitividade com os países em que a mão de obra é mais barata (como p.ex. o Leste da Europa), que está sempre presente nas sua bocas?
3 comentários:
José Sá Fernandes já tinha condenado as palavras de Nogueira Pinto que declarou guerra às lojas chinesas instaladas na baixa da cidade. A ex-vereadora defendeu mesmo a criação de uma Chinatown.
Agora o BE vai mais longe e diz que não quer Maria José Nogueira Pinto no projecto de reabilitação da Baixa-Chiado.
O BE considera estas declarações «inaceitáveis». Pedro Soares defende que Nogueira Pinto não tem condições para ocupar o cargo para o qual foi convidada.
«Consideramos que são declarações insustentáveis e que em vez de defenderem uma cidade multicultural apontam para cidade dividida em guetos», afirma Pedro Soares.
O bloquista considera ainda que «uma pessoa que faz declarações de carácter xenófobo não pode estar à frente de um projecto para Lisboa com a importância económica e social que terá a revitalização da Baixa-Chiado».
O presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Chineses em Portugal não vê a proposta da antiga vereadora com maus olhos.
Ouvido pela TSF, Choi Man Hin, desvaloriza a polémica e lembra que em todas as grandes capitais existe uma Chinatown e por isso até pode ser bom.
«Não é uma discriminação, até pode ser bom, tudo depende da forma como se realizará o projecto», defende.
O presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Chineses em Portugal diz que depende do local, considerando que uma eventual Chinatown não poderia ficar longe do centro de Lisboa.
Resta agora saber se a Câmara e a população quer fazer cidade como o presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Chineses deseja.
Bernardino Aranda
Portugal tem por tradição a integração das comunidades, e não a sua guetização.
Há muito que certos dirigentes da comunidade chinesa defendem esse ponto de vista, como se vê sem resultados, e ainda bem.
È bom que esse pequeno comercio possa expandir-se livremente pela cidade, integrando-se na malha urbana, e nas populações dos bairros, é essa a nossa tradição.
Importar á força outros modelos, pode satisfazer as Zezinhas , e seus confrades, mas isso seria o cadilho, para caso houvessem problemas, apontar a dedo , certos sectores da população , e exemplos não faltam,bairros apontados a dedo como focos de insegurança, zonas criticas associadas a populações estranjeiras, lembrem-se os resultados que deram em Lisboa e noutras partes do mundo os guetos judaicos, lembrem-se dos ataques á Judiarias em Lisboa, até porque temos muito maus exemplos, de projectos que eu chamaria segregacionistas, é que condeno esta ideia peregrina da ex-vereadora do PP .
Enviar um comentário