Maria José Nogueira Pinto fora do projecto Baixa-Chiado
O Bloco de Esquerda não quer que Maria José Nogueira Pinto seja escolhida para coordenar o projecto de reabilitação da Baixa-Chiado por causa das suas declarações sobre as lojas chinesas.
«As declarações de Maria José Nogueira Pinto põem em causa de futuro qualquer possibilidade de ela vir a dirigir a unidade da Baixa-Chiado», disse à agência Lusa o coordenador autárquico do BE Pedro Soares.
«Não é possível depositar confiança numa pessoa que faz declarações inconstitucionais, ilegais, sugerindo controlar o comércio com base na etnia», justificou Pedro Soares.
Maria José Nogueira Pinto afirmou ao semanário Expresso que pretende «travar a proliferação das lojas chinesas» na Baixa-Chiado «porque se continuam naquele território nunca mais vai ser possível deitar mão ao pequeno comércio».
Citada pelo Expresso na edição de sábado passado, Nogueira Pinto acrescentou que o comércio «é central» para a Baixa-Chiado, mas sem as lojas chinesas, que «estão a dar cabo do comércio da cidade».
A autarquia deveria deslocá-las para uma «Chinatown» ou proibir a abertura de novas lojas chinesas na Baixa-Chiado, concluiu a ex-vereadora do CDS-PP na Câmara Municipal de Lisboa.
«A câmara é que dá a licença, pode dizer que a quota de lojas chinesas neste espaço está esgotada», sugeriu, considerando que há falta de controlo sobre os produtos vendidos nas lojas chinesas, mas revelando que «compra muito» nesses estabelecimentos.
Em declarações à agência Lusa, o coordenador autárquico do BE referiu que «oficialmente não houve ainda nenhuma decisão do presidente da câmara», António Costa, sobre a coordenação da Baixa-Chiado, e que esse assunto «nunca foi a reunião camarária».
«Queremos uma cidade cosmopolita, aberta e sem guetos», sublinhou Pedro Soares, reforçando a oposição do BE às declarações de Nogueira Pinto, em quem, repetiu, o seu partido não pode ter «confiança política».
2 comentários:
3 postes sobre a china town!!! Parece que o BE já arranjou um tema para fazer a sua oposição ao PS na CML
Sinceramente não vou à baixa. Adorava, mas não vou. É um pouco como África: tenho medo e calor.
A Baixa -- não confundir com o Chiado, bem mais elegante, embora ainda pouco sofisticado [e foi daí que veio a foto] -- resume-se a lojas decadentes, ruas estreitas e sujas, com carros e sem espaço para pessoas -- e também sem espaço para parar os carros.
Estou-me nas tintas para a ideia de tirar as lojas chinesas da Baixa. Se não fosse pelos acordos da OMC e a Constituição Portuguesa, bem como as boas relações diplomáticas com a China, era e é, sobretudo, porque as restantes não são muito piores.
Tem de agir-se na Baixa.
Mas essa acção não se resume -- nem pode incluir -- a retirada de lojas chinesas da Baixa. Sobretudo para as colocar numa duvidosa 'Chinatown', que seria ainda pior, arriscando-nos a ter um ghetto povoado ou pelo menos dominado por máfias asiáticas sinistras e perigosas, se não para quem lá fosse, para quem lá vivesse ou trabalhasse.
O que é preciso na Baixa -- como de resto no resto de Lisboa e no resto do país -- é limpeza e qualidade.
Limpar ruas e paredes, pintá-las, ter espaço para carros e pessoas, ter transportes públicos decentes, ter segurança nas ruas, e ter lojas limpas, com boa apresentação, produtos de qualidade, atendimento profissional.
Fim às lojas sujas, mal-cheirosas, mal amanhadas, com tudo amontoado, empregados antipáticos e ignorantes e que muitas vezes nem falam português e muito raramente inglês, fim aos preçários feitos à mão em papel de rascunho com canetas de feltro, colocados na rua mesmo para se tropeçar ou ser atropelado ao usar a estrada, fim às montras de mau gosto, à falta de ar condicionado, aos produtos de plástico ranhoso ou que não interessam para nada, às lojas sem multibanco ou que não aceitam cheques, ou que têm sempre tudo esgotado, ou que fecham aos fins de semana ou nas férias, ou à tarde, ou ao almoço, fim às lojas que não fazem embrulhos de presente ou os fazem mal, e aos empregados que nos atendem como se fosse uma deferência ou favor da parte deles...
Parece que só se consegue algo de jeito indo à Carolina Herrera, à Zegna ou à Vuitton na Avenida da Liberdade [e mesmo assim...].
É isto que é preciso mudar, e isto abrange tanto lojas chinesas, como portuguesas, como indianas. Todas. Em Lisboa e fora dela. E nem vamos falar de cafés, bares ou restaurantes... para não perder a sede ou o apetite.
Não pode ser.
Se conseguirmos isto, podemos considerar-nos civilizados. Para já, vou aos saldos de Londres. É que nem sai mais caro...
Enviar um comentário