quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Repovoar a cidade

Está esta manhã em vários jornais: Segundo a Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), a duplicação da taxa de IMI dos prédios devolutos “irá afectar sobretudo os proprietários empobrecidos”.

Mas quais são os “proprietários empobrecidos” que mantém casas devolutas em Lisboa? Quantos são? Porque mantém eles as casas desocupadas a pagar todos os anos o IMI normal? Porque não as vendem ou arrendam? Com certeza que me responderão: “Porque o dinheiro que dariam por elas não compensa. Mais vale tê-la vazia e abandonada, a pagar a taxa normal de IMI, à espera de melhores dias…” .

Mas que melhores dias?

Até o Presidente da Associação de Proprietários terá de reconhecer que isto de ser proprietário também tem de implicar algumas responsabilidades com a sociedade.

Ninguém sabe ao certo o número de casa devolutas em Lisboa. Serão entre 39.000 a 100.000 fogos, nas estimativas mais alarmantes. Ao mesmo tempo, o preço médio de um T1 é de € 161.043.

Milhares de pessoas são atiradas desta forma para os subúrbios de Lisboa, onde a nova construção cresce como cogumelos. Degrada-se a qualidade de vida na periferia e degrada-se o centro da cidade. Todas as manhãs e todos os finais de tarde é o inferno para entrar e sair da capital… horas de vida perdidas no trânsito, cansaço inútil, poluição e mais poluição.


Agravar o IMI sobre os prédios devolutos é um instrumento para forçar a entrada no mercado de casas devolutas e contribuir para a recuperação do edificado.

É urgente que a Câmara de Lisboa elabore as listagens dos fogos devolutos, para entregar à Direcção Geral dos Impostos, tal como está previsto na Lei.

O nosso Município é aquele em que o problema das casas devolutas assume proporções mais graves. Qualquer cedência ou laxismo neste processo é por isso inadmissível.

[BA]

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