CASSANDRA
Garanto que não me sinto tocado pelo mito de Cassandra, a bela grega por quem Apolo se apaixonou a ponto de lhe ensinar os segredos e a arte da profecia.
Mas fiquei verdadeiramente preocupado com o futuro da oposição na Câmara Municipal de Lisboa, durante a reunião da passada Quarta-feira.
A rábula da dança das cadeiras no PS é simplesmente inenarrável. A disputa da liderança da bancada já não se faz no terreno da política, mas ao nível dos assentos (refiro-me aos lugares) dos putativos líderes (sem desvalorizar o suporte teórico que Ruben de Carvalho emprestou à situação, conferindo um certo de ar de seriedade à "coisa"...).
Porém, verdadeiramente preocupante - se de uma profecia se tratasse - foram as posições do CDS/PP e do PCP sobre as propostas do PSD relativas ao "Campus" de Campolide e ao Bairro da Liberdade. Ora um ora outro, votaram favoravelmente e acabaram por viabilizar as únicas propostas com importância que Carmona conseguiu levar à reunião da Câmara.
Se fossem inquestionáveis e boas para a cidade, teria sido compreensível. Todavia, tanto Maria José Nogueira Pinto como Ruben de Carvalho, mostraram-se muito pouco convencidos da bondade das propostas .
Claro que Carmona Rodrigues, no dia seguinte, em entrevista a Judite de Sousa, agradeceu a colaboração desta oposição que se predispôs a credibilizar o "ambiente de normal funcionamento do Executivo".
O rei Príamo nunca acreditou nas loucas profecias da sua filha Cassandra. Foi a história do Cavalo de Tróia que o fez arrepender, para sempre, não lhe ter dado ouvidos.
[Pedro Soares]
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