DE EXCEPÇÃO EM EXCEPÇÃO...
Na colocação da primeira pedra do futuro centro de investigação da Fundação Champalimaud na frente ribeirinha de Pedrouços, em Lisboa, convocaram-se os camonianos “velhos do Restelo” para atingir quem considera que o processo de aprovação do projecto está errado. Mas o quinhentismo da cerimónia não ficou por aqui.
Também a “ambição dos Gama”, nada mais, nada menos, foi o termo de comparação usado para exaltar a decisão do Governo de suspender o PDM que possibilita aquela construção, bem como a subsequente aprovação pela maioria da Câmara de Lisboa do respectivo projecto de arquitectura.
Tanta hipérbole, apenas para justificar este estado de excepção permanente em que o Urbanismo de Lisboa parece querer continuar a viver.
Suspenderam-se quatro artigos do PDM por cinco anos, entre os quais o que impede construções na frente ribeirinha com mais de 50 metros de extensão. Desactivou-se o único porto de pesca de Lisboa e, mais uma vez, os conselhos de Ribeiro Telles sobre o abastecimento das cidades foram postos em causa. Arrasou-se a escola de ensino técnico-profissional a nível nacional para os sectores das pescas e dos transportes marítimos, apesar de ter sido recentemente esquipada com um custo de 35 milhões de euros.
De facto, os méritos do projecto apresentado pela Fundação Champalimaud não deveriam ter sido uma espécie de caução para que os princípios da boa gestão pública do ordenamento do território se tivessem eclipsado.
Assim mesmo, sem plano urbanístico de enquadramento e referência, sem criação de alternativas, sem ponderação dos impactes económicos e sociais e sem discussão pública, apesar de se tratar de uma das áreas mais sensíveis da cidade. Não foi para isto que os lisboetas exigiram que os terrenos da frente ribeirinha deixassem de estar sob a discricionariedade da Administração do Porto de Lisboa e passassem para a alçada das regras municipais.
Bem vistas as coisas, os verdadeiros “velhos do Restelo” são aqueles que continuam a descrer na modernidade que é a cidade planeada e construída de forma democrática e participada, segundo regras que são aplicadas a todos.
Afinal, este afogadilho todo no licenciamento do projecto para quê? Governo e CML alegam uma única razaõ: a obra tem de estar concluída a tempo das comemorações do centenário da República. Mas que ambição mais ridícula e tão pouco republicana.
Pedro Soares escreve no JN à 5ª feira.
Também a “ambição dos Gama”, nada mais, nada menos, foi o termo de comparação usado para exaltar a decisão do Governo de suspender o PDM que possibilita aquela construção, bem como a subsequente aprovação pela maioria da Câmara de Lisboa do respectivo projecto de arquitectura.
Tanta hipérbole, apenas para justificar este estado de excepção permanente em que o Urbanismo de Lisboa parece querer continuar a viver.
Suspenderam-se quatro artigos do PDM por cinco anos, entre os quais o que impede construções na frente ribeirinha com mais de 50 metros de extensão. Desactivou-se o único porto de pesca de Lisboa e, mais uma vez, os conselhos de Ribeiro Telles sobre o abastecimento das cidades foram postos em causa. Arrasou-se a escola de ensino técnico-profissional a nível nacional para os sectores das pescas e dos transportes marítimos, apesar de ter sido recentemente esquipada com um custo de 35 milhões de euros.
De facto, os méritos do projecto apresentado pela Fundação Champalimaud não deveriam ter sido uma espécie de caução para que os princípios da boa gestão pública do ordenamento do território se tivessem eclipsado.
Assim mesmo, sem plano urbanístico de enquadramento e referência, sem criação de alternativas, sem ponderação dos impactes económicos e sociais e sem discussão pública, apesar de se tratar de uma das áreas mais sensíveis da cidade. Não foi para isto que os lisboetas exigiram que os terrenos da frente ribeirinha deixassem de estar sob a discricionariedade da Administração do Porto de Lisboa e passassem para a alçada das regras municipais.
Bem vistas as coisas, os verdadeiros “velhos do Restelo” são aqueles que continuam a descrer na modernidade que é a cidade planeada e construída de forma democrática e participada, segundo regras que são aplicadas a todos.
Afinal, este afogadilho todo no licenciamento do projecto para quê? Governo e CML alegam uma única razaõ: a obra tem de estar concluída a tempo das comemorações do centenário da República. Mas que ambição mais ridícula e tão pouco republicana.
Pedro Soares escreve no JN à 5ª feira.
2 comentários:
Ainda há quem não se deixe deslumbrar pelos milhões da fundação. Valha-nos o Santíssimo!
E não esquecer que a mulher que está à frente daquilo é UMA ASSASSINA fria e calculista, que só não está na cadeia porque o processo prescreveu e nem sequer foi julgada.
Neste país todos/as os/as filhos/as da puta se safam.
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