RETÓRICA E NADA MAIS

O mais lamentável é quando o discurso ultrapassa a eloquência e tropeça na boçalidade. É o que tem acontecido no PS. As trauliteirices passaram a fazer parte da oratória de ministros e de altos dirigentes do partido do governo, como aquelas que dizem ter um especial prazer em “malhar na esquerda” ou que tratam os seus adversários por “parasitas”. Porém, ainda mais grave, é o facto de se começar a recorrer à falsidade para justificar a lógica de um raciocínio, motivar o insulto e arregimentar forças contra o “inimigo externo”.
António Costa lançou a atoarda no congresso de Espinho: o Bloco tinha rompido o acordo para a Câmara de Lisboa, ficando assim demonstrada a sua incapacidade para governar. Faltou-lhe dizer quando é que isso aconteceu. O Bloco clarificou, com o vereador que elegeu, a sua posição de defesa do programa eleitoral, precisamente porque não declina o cumprimento dos seus compromissos. Nomeadamente o compromisso da defesa de todas as propostas para a cidade que estão incluídas no acordo que estabeleceu com o PS no período pós-queda da Câmara, num momento de grande crise municipal.
O PS quer agora desresponsabilizar-se desse acordo e atirar para o Bloco o ónus do seu incumprimento. Mais uma vez se atolam na mera retórica. Ou, melhor, na pura mentira. De facto, o PS está a matar esse acordo com a sua própria prática municipal, com o desrespeito pelo espaço público, com a recusa de reestruturação das empresas municipais, com o compromisso pelo negócio dos contentores em Alcântara, com a degradação da frente ribeirinha, com o virar as costas à cidade e o enredar-se no mais rasteiro eleitoralismo.
Se alguma vez teve intenção de o cumprir, as declarações do presidente da Câmara de Lisboa no congresso do PS só podem ter a leitura, óbvia, de que desistiu de honrar o acordo estabelecido. Os dirigentes do PS devem ter chegado a pensar que o acordo de Lisboa se resumiria a um mero processo de assimilação. Enganaram-se redondamente e demonstraram uma extrema falta de respeito por quem se dispôs, com responsabilidade, a contribuir para que a cidade ultrapassasse um dos momentos mais difíceis da vida municipal. Por muito que lhes custe, o Bloco não deixará de reclamar o cumprimento de cada uma das propostas do acordo e de lutar pelo seu programa próprio para Lisboa.
Repare-se que, umas semanas antes, o PS andava a mendigar uma coligação com a Esquerda em Lisboa. Puro exercício de hipocrisia política, como ficou revelado no congresso de Espinho. Caiu a máscara, ficou apenas a retórica e nada mais. Ficaram também as subtilezas argumentativas de Santos Silva, António Costa e José Lello – a mesma luta!
Pedro Soares
2 comentários:
Segundo o Sol on line de hoje, agora foi o José Junqueiro a atacar o BE, a proposito das taxas moderadoras.
Parece que o partido da cassete é agora o PS
Caros Senhores,
"Mendigar" foi a palavra adequada?
Trauliteiros? Voçês agora são os +unicos donos da verdade? Quem lhes atribiui tal alvará? Chamar mentiroso a uma pessoa é ser "educado"?. Talvez seja para Voçês, não é certamente para a grande maioria dos portugueses. Com o Vosso lamento e com o Vosso trabalho de profetas da desgraça.
Ajudem a que as coisas melhorem.
Não querem porque querem estar sempre do lado do "contra" puro e simples. Isso não custa nada.
Custa é ter que trabalhar todos os dias para que as coisas melhorem. Por muito que isso lhes custe.
Tenham um BOM DIA!
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