sexta-feira, 21 de novembro de 2008

"Público": BE prepara-se para retirar o apoio a José Sá Fernandes

Aceitação de mais pelouros na Câmara de Lisboa terá sido gota de água. "Há muito tempo que ele não discute nada com ninguém", observa coordenador autárquico

O Bloco de Esquerda prepara-se para retirar o apoio a Sá Fernandes, depois de o vereador independente que fez eleger para a Câmara de Lisboa ter aceite ficar com vários pelouros que até aqui pertenciam ao vice-presidente da autarquia, o socialista Marcos Perestrello. A decisão será discutida na próxima terça-feira, numa assembleia geral de militantes do concelho de Lisboa.

Na base da discórdia está a transferência dos pelouros da iluminação, lixo e espaços públicos para Sá Fernandes, até aqui apenas responsável pelos espaços verdes e pelos cemitérios. Na prática, significa também que o vereador eleito pelo BE será coadjuvado pelos assessores do PS das respectivas áreas, o que incomoda muito os dirigentes bloquistas. Questionado sobre se Sá Fernandes discutiu com o partido o alargamento das suas competências na autarquia, o coordenador autárquico do BE, Pedro Soares, dá uma resposta inequívoca: "Há já muito tempo que ele não discute nada com ninguém".

Esta foi a gota de água na relação já muito degradada entre Sá Fernandes e o BE. Outra situação incómoda para o BE nos últimos dias foi a participação de Sá Fernandes no programa da RTP Prós e Contras sobre a ampliação do terminal de contentores em Alcântara, em que o vereador defendeu com veemência as posições do Governo. O vereador envolveu-se numa discussão acesa com o jornalista Miguel Sousa Tavares, promotor da petição contra a ampliação do terminal. Um dia depois, na passada terça-feira, o líder da concelhia, Luís Fazenda, e o coordenador autárquico do BE assinaram a petição lançada por Sousa Tavares.

O divórcio entre Sá Fernandes e o Bloco tem vindo a aumentar com a aproximação do vereador aos socialistas que governam a autarquia. O líder do BE, Francisco Louçã, qualificou recentemente como lamentável a solidariedade manifestada por Sá Fernandes à vereadora socialista Ana Sara Brito, depois de se ter descoberto que esta morara 20 anos numa casa que havia arrendado ao município, pela qual pagava 146 euros. Já no final de Maio as discordâncias de Pedro Soares o tinham feito abandonar o gabinete de Sá Fernandes, no qual trabalhava, o mesmo tendo sucedido com o deputado municipal bloquista Carlos Marques.

Os militantes farão terça-feira o balanço deste último ano e meio de mandato autárquico do vereador. O PÚBLICO tentou obter um comentário seu sobre a questão, sem sucesso.

Público, 21.11.2008, Sofia Rodrigues e Ana Henriques

22 comentários:

Anónimo disse...

Já vem tarde. Mas antes tarde ...
E que sirva de lição, para ter voz não podemos investir tudo sem condições, porque ás vezes fica-se afónico rapidamente

Anónimo disse...

Se o Bloco de Esquerda é um partido, tem os seus orgãos dirigentes,

Penso que compete e só á Mesa Nacional, discutir e votar a retirada da confiança politica a Sá Fernandes, e não á concelhia de Lisboa.

Aliás quem convidou quer no primeiro, quer no sgundo mandato Sá Fernandes, a encabeçar como independente a lista de Lisboa , foi a direcção do Bloco e não a concelhia de Lisboa.

Julgo que quaisquer que sejam as critica que se possam fazer á evolução de Sá Fernandes , sobretudo nos tempos mais recentes, é a Mesa Nacional do Bloco em reunião magna convocada para esse efeito, que pode tomar uma decisão com o peso politico, que esta rotura vai ter.

Atenção Sá Fernandes não é o Bloco mais uns independentes , Sá Fernandes vale por si e muito, e se a rotura não fôr claramente entendida pela base social que o elegeu, será o Bloco a pagar a factura, da sua decisão.

Penso que isto tudo é um mau prenuncio, para os resultados que o Bloco poderia aspirar nas proximas autarquicas.

Isabel Faria disse...

Anónimo, não é exactamente assim. Os Estatutos do Bloco prevêem que sejam as Concelhias a propôr as listas dee candidatos autárquicos e, eobviamente, se for o casa a propôr a reirada do apoio a candidatos ou eleitos autárquicos.
Obviamente que é à MN que cabe ratificar essas propostas. Neste caso concreto qualquer decisão terá que ser ratificado pela MN...sob proposta da Concelhia. Que na próxima Terça Feira, ouvirá os aderentes do Bloco. Não foi assim aquando da assinatura do Acordo com o PS...mas deveria ter sido.
Não faço ideia quem convidou José Sá Fernandes. Mas isso interessa pouco...à luz dos Estatutos deveria ter sido proposta da Concelhia, ratificada pela MN.

Acho alguma piada à tentativa de fazer da COncelhia de Lisoa um orgão constituído à revelia do Bloco e que usa as suas competências á revelia dos estatutos do BE...já hoje Sá Feranandes insinuava o mesmo ao Público...

Por isso é que há algum tempo, não negando o método (ou estaria a negar os estatutos que aprovei), preconizo, premência e clareza nos resultados.

Anónimo disse...

Um blog sobre uma cidade do Norte em crescimento: Freamunde - Paços de Ferreira.

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Anónimo disse...

Não faço ideia de quem convidou Sá Fernandes... mas isso interessa pouco....diz a Isabel Faria...

Pois interessa muito....

Não foi a Concelhia, e sim a dirigentes do Bloco que convidaram Sá Fernandes, pelo seu prestigio, a encabeçar como independente , uma lista apoiada, pelo Bloco á Camara de Lisboa, e lhe renovaram o convite pela segunda vez.

A estrutura constituida á volta do projecto Sá Fernandes, englobava elementos do Bloco, da Renovação Comunista, do PT, e independentes como Luis Coimbra, Augusto Cid, Gonçalo Ribeiro Teles, Miguel Esteves Cardoso, e da segunda vez David Ferreira etc etc etc.

Não era o Bloco mais uns amigos, não era um projecto que se limitava ao Bloco, era acima de tudo uma aliança, de forças politicas, e de pessoas empenhadas em alterar o estado em que Lisboa se encontrava ( encontra).

Sendo independente , desde a primeira hora do primeiro mandato, Sá Fernandes teve total autonomia, e era , (é), assim que deve ser.

Se pelos vistos elementos da concelhia de Lisboa entendem, que o programa e actuação do vereador Sá Fernandes, está em oposição ao programa e aos principios do Bloco, então devem propôr á Mesa Nacional QUE È SOBERANA, que retire a confiança politica ao vereador, deixando o Bloco de o apoiar publicamente, e cancelando o acordo com o PS , assinado pelo BE e pelo PS para a governação de Lisboa.

Espero para ver como vai a direcção do Bloco, e a sua Mesa Nacional reagir, á tomada de posição de uma estrutura local , mesmo com o peso da concelhia de Lisboa,e que posição irá tomar publicamente, se vai ou não denunciar o acordo feito com o PS, e retirar a confiança politica ao vereador Sá Fernandes.

Espero para ver, mas o Bloco não vai sair incolume deste processo, disso não tenho a minima duvida.

Anónimo disse...

Bem feita para o BE!

Então não são um partido como os outros?

Mas o Zé fazia-lhes falta...

Bem feita! Bem feita!

Anónimo disse...

Esse anónimo que "percebe" tanto do funcionamento do Bloco também devia saber que as concelhias são órgãos com autonomia de decisão no âmbito do seu território de jurisdição. O Zé também devia perceber que não tem qualquer apoio no Bloco e que mesmo nos independentes que participaram na lista está isoladísimo e profundamente descredibilizado. Ninguém gosta de ser tratado como um cão.

Anónimo disse...

Esse anonimo que parece conhecer profundamente , o funcionamento do Bloco, e sabe que até os independentes ( quais)já se demarcaram do José Sá Fernandes, tem uma ideia de divergência politica muito propria, sente-se tratado como um cão....

É por estas e por por outras, que os canideos estão tão mal vistos, quando até militantes partidarios, se sentem tratados como cães.....

Mas as proximas autarquicas vão colocar muitas questões ao militantes tão informados e defensores do poder das concelhias, sem perceberem que um acordo em Lisboa com José Sá Fernandes, pelas implicações politicas que trazia,nunca poderia ser só tratado pela concelhia.

Suponhamos ( e eu já ouvi essa hipotese) que que o Bloco convida Luisa Mesquita a encabeçar a lista do BE á Camara de Santarem.

Alguem acredita que será a concelhia de Santarem a discutir politicamente com Luisa Mesquita a Lista encabeçada pela ex-deputada do PCP?

Não sei se esta ideia se concretizará, mas se se concretizar, e outras hipoteses de independentes estão na calha, veremos se serão as concelhias autonomamente a decidir quem encabeça determinada lista em determinada Camara, ou se pelo contrario ,nas Camaras com maior peso, e em que personalidades poderão estar disponiveis para encabeçar listas unitarias apoiadas pelo Bloco, se será ou não a DIRECÇÂO A TOMAR EM MÃOS esses processos?

E isto é uma situação tão normal que nem merecia discussão.

O Caso de Lisboa e de José Sá Fernandes não será único, e muita gente acabará por copmprender que o peso de uma concelhia é sempre relativo....

Anónimo disse...

Concordo plenamente com o último anónimo, excepto na questão dos cães, porque nem todos os cães são assim tratados. Parece-me que estava a referir-se aqueles cães de caçadores que depois de terminada a época da caça, feito o trabalho e obtido o benefício, são abandonados à sua sorte.

Anónimo disse...

estava a referir-me ao penúltimo.

Anónimo disse...

Vá... não vamos ficar tristes.

Agora não temos o Zé, mas podemos ter a Lena.

O BE pode sempre convidar a Helena Roseta para o lugar do Zé.

Boa?

Anónimo disse...

Estejam descansados, tanto os canídeos como todos os restantes. Tudo será discutido nas diversas instâncias. Desde a concelhia, até à mesa nacional, passando pela distrital e seguindo logo para o G8 em trânsito para o G20. Não há problema, todos terão oportunidade de discutir. Acho que o FMI, a OMC e o BM já têm isso agendado. Só é lamentável que o sr. Zé não se preocupe em discutir, muito menos em cumprir os compromissos, com quem o convidou para candidato e o fez eleger. Mas essas serão outras contas. Só espero que fique tudo a limpo.

Anónimo disse...

Vemv no Público online o seguinte comentário:

23.11.2008 - 20h43 - Miguel Sousa, Lisboa
Os meus parabéns ao funcionario da câmara que há dias foi à tromba ao vereador.

Alguém sabe se isto é verdade? E a ser do que se tratou?

Anónimo disse...

Sim, foi um polícia muniipal parece.
Vem tudo no Correio da Manhã de quinta-feira passada, na ultima pagina.

Anónimo disse...

Um policia municipal agride um vereador ELEITO PELO POVO DE LISBOA....

A ser verdade...o policia já foi SUSPENSO, e já prepararam o seu processo de expulsão?

Anónimo disse...

O Importante é que na 4ª feira o Sá Fernandes vai apresentar a renuncia ao MANDATO.

isto porque o BE, apesar de tudo escolheu um homem de principios e de causas, logo, não lhe resta outra alternativa, visto ter sido eleito na lista do BE.

Entra o pedro Soares, sai o Sá Fernandes e...

voltamos a ter o Zé!

Anónimo disse...

Os funcionários do lixo, iluminação pública, espaços públicos, já estarão a preparar as suas transferências, porque aturar o Zé é demais....
Já agora felicito o tal colega por lhe ter ido às trombas, só é pena ter sido só ao Zé! Se a moda pega....UI...temos muita porrada para distribuir por uns Senhores e Senhoras que andam a gozar c/ a malta!!!

Anónimo disse...

Comecem por ir ás fuças ao Ruben de Carvalho e a Rita Magrinho, que nada fizeram para integrar os precarios, e até se opuseram a soluções que se vieram a revelar positivas.

Mas como o sindicato é do PCP, sabemos de onde partem estas provocações.

Anónimo disse...

Isto anda tudo com um grande nível político.

Anónimo disse...

Só é pena que o anónimo defensor acérrimo de José Sá Fernandes e tão conhecedor do funcionamento estatutário do Bloco de Esquerda não tenha a coragem de assumir em pleno a sua pessoa. Bernardino Aranda, até parece que não pertences à Concelhia do BE em Lisboa. Sinceramente.

Anónimo disse...

Não vejo por aqui nenhum defensor acerrimo do Sá Fernandes, vejo isso sim , cidadãos que não são carneirada, e que pensam pela sua cabeça.

Sá Fernandes já deu muito á minha cidade de Lisboa, como vereador cometeu alguns erros , que infelizmente se houvesse outra postura, nalguns militantes do Bloco, possivelmente a sua resolução, seria outra que não a rotura.

o meu nome não é Bernardino Aranda,nem percebo porque surge o nome nome dele neste debate, sempre me habituei a vê-lo assinar aquilo que escrevia, mas isso é significativo do tipo de mentalidade sectaria de que enfermam certos militantes do Bloco, se não és por mim , és contra mim, onde aprenderam isso? no PCP? É que a cultura que deu origem ao projecto Bloco de Esquerda , tem na sua matriz fundadora a defesa da liberdade de pensamento, e não se compadece com conceitos de ideias justas, ou de pensamento único.

Sá Fernandes independentemente dos erros que cometeu neste segundo mandato, continua a merecer a minha consideração, pelo muito que lutou por Lisboa, e pela coragem de enfrentar corruptos , e situações dificeis, ainda não há muito , mandou retirar um cartaz dos NEO-NAZIS, que atentava contra os principios basicos da tolerancia que queremos que vigore na sociedade portuguesa,mas isso não teve relevancia, para os anti-racistas de segunda, que como se vê tambem existem no Bloco, esses preferem preocupar-se com Praças das Flores e outras questinculas menores,e é pena.

O Bloco que tanta esperança despertou em 99, vai com o tempo parecendo-se cada vez mais com o PCP , e com os seus metodos, o sectarismo sempre foi mau conselheiro, e quando politicamente são as ideias sectarias que se tornam dominantes, isso significa que se atingiu o inicio da decadência.

Anónimo disse...

«Um dia depois, na passada terça-feira, o líder da concelhia, Luís Fazenda, e o coordenador autárquico do BE assinaram a petição lançada por Sousa Tavares.»

LOL!! É só para dizer que Pedro Soares e Luis Fazenda não podem ter assinado a petição na altura em que as jornalistas dizem que eles assinaram, porque a petição já tinha sido fechada e entregue a 3 de Novembro.

Ou as jornalistas inventaram ou "as fontes" entusiasmaram-se um pouco demais.