terça-feira, 5 de agosto de 2008

BE CONSTATA QUE NAS CASAS "DESABITADAS" A DEMOLIR MORAM DEZENAS DE FAMÍLIAS

O título da edição de hoje do Público não podia ser mais explícito «Câmara quer demolir casas no Bairro da Liberdade mas muitas delas estão ocupadas».

O Presidente da Junta de Freguesia de Campolide, Jorge Santos (PSD), apoia a intenção camarária, garantindo que as demolições «deverão avançar ainda esta semana» e regozijando-se que «face às dificuldades económicas da Câmara, a Junta chegou a propor pagar as obras de demolição», uma vez que a necessidade da intervenção se deve à existência «de um perigo público, pois trata-se de estruturas abandonadas e prédios que podem ruir a qualquer momento».

«Há um problema nos serviços da câmara que afirmam que casas ocupadas por centenas de pessoas, que viveram aqui uma vida inteira, se encontram desocupadas», afirmou o deputado municipal Carlos Marques, durante a visita do Grupo Municipal do BE ao Bairro da Liberdade.

Fernando Almeida vive no bairro desde que nasceu e contou que «há sete anos que se fala na demolição», esclarecendo que «a casa encontra-se legal e com tudo pago nas finanças

Segundo o comunicado da edilidade lisboeta, ontem emitido, a remoção dos contadores de água e electricidade foi suspensa por se ter verificado a existência de DOIS fogos habitados, clarificando que a demolição só terá lugar após o realojamento, já em curso, dessas famílias .

Entre a Rua da Samaritana, a Rua da Capela e a Travessa da Capela Velha, longe da escarpa, encontrámos dezenas de moradores indignados com toda a situação, revoltados pela ausência de contacto por parte da autarquia lisboeta, conformados com uma ameaça que há muito não passa de anúncio. As condições de habitabilidade das casas são parcas, o edificado muito degradado. Mas a vida pulsa nas ruas estreitas e sombrias do Bairro, com apontamentos de canteiros improvisados, crianças que correm, vizinhos que cá e lá se demoram nas palavras, emigrantes que regressam, sorrisos que se trocam.

O BE vai levar o caso à Assembleia Municipal, no sentido de ver esclarecidas todas as dúvidas que esta situação levanta.

[AS]

1 comentário:

Isabel Faria disse...

AS, lendo aquele comunicado da Cãmara das duas uma: ou ontem sofremos todos uma alucinação colectiva provocada pelo calor...ou a Cãmara mente com quantos dentes tem (as Câmaras têm dentes, não??!!).
Não sei bem porquê, mas o calor não costuma ter esse efeito em mim...